Eu não gosto de espraiar ou compartilhar causos pessoais nas redes sociais, mas acredito que isto que lhes contarei, será oportuno para que todos nós possamos fazer uma reflexão.
Quinta-Feira passada, dia 28/06, por volta das 14h, dirigia
perto da famosa praça do “beco”, na Avenida Nilópolis. Chegando lá, busquei um
amigo meu, negro, que jogaria comigo na Planet Ball às 15h. Como iria
encontrar outro conhecido antes de ir ao jogo, este meu amigo ficou na parte de
trás do carro, invés de se sentar no carona, para que não houvesse aquele
famoso “senta, levanta, puxa o banco e entra no carro” e fosse tudo mais
simples. No entanto, a polícia pensou diferente.
Seguia livremente pela Nilópolis, quando dobrei à direita para
entrar na rua Ijuí, logo em minha frente, uma viatura da Brigada Militar(BM) andando
a mais ou menos uns 20 km/h. Vendo que ela não sairia daquela velocidade, dei o
pisca para ultrapassar, justamente nesse momento, eles ligaram a sirene,
fizeram sinal de luz e apontaram a arma para fora do carro.
Sem saber do que se tratava, prontamente encostei o carro. Quatro
policiais rapidamente desceram do carro e nos abordaram. Um deles, negro e
exaltado, gritava: “sai do carro, sai do carro, mão pra cima, agora, agora!”.
Prontamente obedecemos. Ele nos revistou como se fossemos bandidos e tivéssemos
assaltado um banco, algo do gênero. Não satisfeito com o procedimento, ele
simplesmente saiu revirando o meu carro, os bancos traseiros foram tirados do
lugar, o porta-malas, completamente olhado minuciosamente em todas as partes,
assim como o porta-luvas. Os outros três policiais assistiam a tudo na maior
calmaria.
Indignado com a situação, perguntei a um desses brigadianos o
porquê de tudo isso, ele friamente respondeu: é normal fazermos isso, ainda
mais por que está tendo muitos assaltos na região e vocês estavam um dirigindo
e outro atrás, isso não é comum”.
Outro brigadiano observava tudo e tentou tirar sarro de nossa
cara – tu por acaso é chofer dele? – respondi educadamente, sem perder a calma
com um simples “não, vamos jogar bola e já já vamos de encontro a outro amigo,
e não há necessidade dele ir na frente, já que outro ali estará”. Ele se calou
e o policial que nos abordou, veio a nosso encontro. “Vocês tem passagem pela
polícia?” Respondemos que não. Ele viu meus documentos e prontamente fui
liberado, sem maiores problemas. O constrangimento a partir dali, seguiu para
com meu amigo.
O BM parecia não acreditar que um jovem, negro, não tivesse
passagens pela polícia. Após insistir na mesma questão por mais duas vezes, eis
que ele resolveu levantar a ficha, perguntando nome, idade, nome da mãe,
endereço. Checada e anotadas as devidas informações, resolveu ligar para a sua
Central a fim de resolver o impasse por ele criado.
Como não havia conseguido prender ninguém naquela tarde, ele
enfim perguntou o motivo de estarmos naquela infame hora, passando em frente à
viatura. Expliquei aonde iríamos e ele nos desejou um bom jogo. Os outros, apesar
de aparentarem serem mais velhos, nada faziam nem falavam, pelo contrário, pareciam
robôs seguindo ordens de alguém tão desprezível quanto aquele ser que atendia
por “Anjo da Lei”.
Acabado essa cena de filme Hollywoodiano, fomos embora,
cabisbaixos e envergonhados, as pessoas que passavam nos viam como bandidos e
certamente, não somos. Nunca bebi, fumei nem cherei, NADA! Não devo nada à sociedade,
muito menos a BM. O que me intriga são os reais motivos disso tudo. Será realmente
que a polícia olhou para nós e percebeu que representávamos perigo para a
cidade? Seria mais um caso de racismo? Afinal, ficha alguma foi levantada sobre
mim, quanto menos perguntas indiscretas e indecentes do tipo ”tu usa drogas?”.
Não, não posso acusar nem julgar ações de X ou de Y. O que
posso fazer é refletir sobre tudo isso. Fui vítima do sistema, quem era pra me
proteger, me atacou. Tudo aquilo que acreditava piamente de que a polícia ali
estaria te amparando e auxiliando quando eu mais precisasse, caiu por água
abaixo. Afinal uma abordagem desrespeitosa, linguagem chula aliada a uma falta
de educação sem tamanho, não era isso que esperava da Brigada Militar.
O que posso dizer a vocês que tiveram a paciência de ler esse
desabafo, é que infelizmente, hoje, estou generalizando para um fato
isolado, mas perdi total confiança na polícia e afins. Não consigo acreditar em
tal instituição que ao invés de proteger, pune quem é correto com assédio moral
sem tamanho. O trauma não sairá da cabeça e o rosto de cada um desses seres
nojentos, tampouco.
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