segunda-feira, 2 de julho de 2012

Kinho Entrevista: Tcheco

Hoje amigos do Blog, com imensa satisfação, apresento a vocês entrevista que fiz recentemente com Anderson Simas Luciano, o eterno capitão e ídolo tricolor Tcheco, atualmente no Coritiba. Ele conta um pouco sobre o início da carreira, a passagem marcante pelo Grêmio e os planos para o futuro, já que após as finais da Copa do Brasil contra o Palmeiras, se aposentará. Abraço.



Érik Pastoris: Você tem uma história curiosa no futebol. Apesar de ter sido revelado pelo Paraná, alcançou status nacionalmente pelo Coritiba e antes, teve uma boa passagem pelo Malutron. Como ocorreu tudo isso? 

Anderson Simas Luciano "Tcheco"Como todo ditado popular, "SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRE", mesmo assim consegui ser pentacampeão estadual pelo Paraná Clube jogando praticamente todas as partidas. Fui muito feliz lá nessa época e sou grato também pelas condições de base que eles me deram, mas fiquei triste da maneira que saí, afinal de contas foram quase 15 anos de casa contando com futsal e a maneira que eles me dispensaram não foi das melhores, mas também foi bom para eu poder ver o verdadeiro futebol nos bastidores. Mais tarde soube o por quê me dispensaram, mas prefiro não relatar.

Acabei indo para Malutron, hoje o famoso Corinthians Paranaense, fui campeão brasileiro da série C e com essa boa passagem fui convidado pra ir jogar no Coritiba onde comecei a construir uma historia muito bonita na qual espero finalizar com o titulo da Copa do Brasil.

Érik: E como a torcida rival encara o Tcheco, com respeito ou hostilidade?

TchecoA torcida do Paraná tem muito respeito por mim, até por que quando joguei contra eles, sempre me respeitaram e eles sabiam que nao saí por quê quis e sim por opção da diretoria, tanto que ja fiz uns 5 ou 6 gols contra o Paraná, mas sempre respeitei, aliás, sempre respeitei todas as torcidas.

Érik: Após conquistar a vaga para a Libertadores de 2004 pelo Coritiba, você migrou ao Al- Ittihad, da Arábia Saudita. O que mais te chamou a atenção nessa mudança de vida e como é o futebol no Oriente Médio?

TchecoBom, foi mais um momento difícil, por que não queria ir, mas meus direitos federativos eram do Malutron, acabei indo para um mundo totalmente diferente, mas com uma grande experiência de vida cultural, totalmente diferente em tudo, tudo do que sei à respeito do mundo árabe devo ao futebol, e como clube mais uma curiosidade, acabei indo para um clube que era do povão, em que os diretores não eram príncipes, e para minha sorte peguei uma geração que ficou na história, fomos 2 vezes consecutivas campeões da Copa da Ásia, na qual uma delas nos deu o direito de disputar o Mundial de clubes onde acabamos perdendo pro São Paulo na semifinal por 3 x 2, o placar acho que demostra como foi apertado pra eles e demostra a qualidade do nosso time, na qual não tenho nenhuma duvida que pelo menos 5 jogadores lá, jogariam tranquilo em qualquer time do Brasil.

Tive uma adaptação difícil, mas foi excelente para minha vida, e o reconhecimento que tenho por eles devido minha passagem é algo que me faz pensar que valeu a pena, por todas as dificuldades que passei por lá, amadureci muito como ser humano, certamente ainda voltarei lá para me despedir deles, reconhecimento pelo trabalho não tem preço quando você faz as coisas com o devido respeito também.

Érik: O que te fez encarar o desafio de voltar ao Brasil, em 2006, num clube recém-promovido a primeira divisão, mesmo após ter uma rápida e frustrante passagem pelo Santos em 2005?

TchecoCombinei com o presidente árabe de que se fosse campeão da Copa da Ásia, me liberaria para um time do Brasil, e como fomos campeões, ele cumpriu com a palavra, apesar do medo de eu não voltar, por que muitos jogadores fazem isso, mas cumpri com minha palavra. Não joguei mesmo bem no Santos, acabei tendo uma das lesões mais sérias da minha vida lá, depois retornei pro clube pra terminar o contrato onde fomos Bicampeões e eles queria que eu ficasse, mas não aguentava mais.

Foi quando eu estava no mundial, no Japão e o Grêmio, fez o convite pro meu pai, quando meu pai me perguntou se ele podia assinar, eu mais que depressa, perguntei - quem pai o Grêmio? Ele: isso ai! – eu não acreditei, tinha outros clubes, mas pedi pro meu pai esperar eu voltar.

Em relação ao Grêmio eu disse na hora pro meu pai: assina já, acerta qualquer salário que eu vou. Única coisa que queria era me apresentar no inicio de janeiro, eles queriam que fossem no Natal, mas acabou dando tudo certo, e até hoje eu falo mas sei lá se acreditam e também não estou preocupado se acreditam ou não, eu sempre tive uma simpatia pelo Grêmio, e acabei confirmando tudo quando joguei ai, independente se estava vindo da 2° divisão ou não.

Érik: Qual o gol ou jogo mais te marcou pelo Grêmio?

TchecoPara torcida o gol mais importante foi contra o São Paulo em 2007 na libertadores. Gols fiz alguns importantes, dentre eles vou destacar contra o Palmeiras pelo Brasileirão de 2008, na casa deles, um gol até meio sem querer, mas de uma importância do tamanho do mundo, pra gente brigar pelo titulo, foi muita emoção aquele gol( reveja o gol). Jogo também teve vários marcantes, mas quero aqui destacar contra o Atlético MG, o ultimo de 2008, que precisávamos ganhar e torcer por um tropeço do São Paulo, e assim que o São Paulo ganhou com um gol de 1 METRO impedido( Tcheco se refere ao Gol de Borges contra o Goiás), faltava mais ou menos 3 minutos pra acabar nosso jogo, onde ganhávamos por  2 x 1, e a torcida parou de cantar naquele instante e o Estádio inteiro começou a aplaudir, só de lembrar já me emociono hoje em dia, mas ficou marcante esse momento pra minha vida.

Érik: No Coritiba, em sua volta, você foi bicampeão estadual (2011/12), campeão da série B(2010) e vice da Copa do Brasil (2011). Há que se deve o sucesso do Coxa nessas últimas temporadas?

Tcheco: São vários fatores, entre eles, uma boa administração da diretoria, a forma direta e honesta que se dirigem a nós jogadores, planejamento de contratar quem e em qual posição. Contar sempre com a categoria de base, os jogadores que estão se destacando, achar um treinador que encaixe a filosofia do clube, assim foi com Ney Franco e Marcelo Oliveira, há de se destacar que o Ney só saiu por que recebeu um convite da seleção Brasileira, e tudo isso aconteceu devido à queda para 2°divisão, quando teve aquela pancadaria dentro de campo, mas como na vida, sempre depois de um tombo feio o clube se reestruturou e deu a volta por cima, agora é manter os pés no chão para continuar na mesma linha.


Érik: E agora, na finalíssima da Copa do Brasil, como fica o coração do Tcheco, há poucas partidas de pendurar as chuteiras?

TchecoUm momento difícil de decidir, de se entender, de aceitar, mas o corpo pede, não tem jeito. Têm jogadores que vão mais longe, mas cada um tem sua genética, seu limite, o importante que sei que dei tudo que podia quando jogava, mas estou feliz pôr pendurar as chuteiras num clube grande, com um bom futebol e podendo ser campeão de um campeonato grande. Tem muitos jogadores melhores que eu com menos idade, que estão em clubes que não correspondem com o futebol deles, mas que caíram muito de produção, e por isso se encontram em clubes de menos expressão.

Quem sabe posso repetir o feito do Petkovic, no Flamengo em 2009, sendo campeão e se aposentando? Vamos ver se seremos merecedor.

Érik: Quais os planos do Anderson Simas para o futuro?

TchecoBom, recebi um convite do Coritiba para ficar no clube, na Coordenação Técnica, entre profissional e amador, mas ainda não sei exatamente minha função, mas pelo convite , me sinto lisonjeado, só de ficar no clube. De qualquer maneira penso em ficar no futebol e poder ajudar de alguma forma, vamos ver o que o futuro me reserva e se preparar para isso enquanto não chega a hora.

Érik: Manda um recado final para os amigos do Blog, Tcheco.

Tcheco: Obrigado pelo espaço, um abraço a todos do sul, sempre um prazer falar com vocês.

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